02 fevereiro, 2011

Decisões

Um raio de sol escapou, por entre todos aqueles obstáculos que tentavam evitar a entrada de luz naquele espaço, e fez com que ele despertasse, não da morte, não do seu transe mas sim de um sono quase perfeito não fosse ainda não ter adormecido.
Depois de muitas horas partilhados, entre a calma sossegada do lado direito da cama, e o preenchido do lado esquerdo da mesma, o dia finalmente chegou, ele não havia dormido um par de minutos, não porque não tivesse sono, não porque não estivesse cansado, mas sim porque a sua realidade começava a fugir-lhe debaixo dos pés.
Ele tão generosa e sincera pessoa, ele cheio de certezas via-se agora num misto de emoções, via-se agora obrigado á escolha, ele que sempre foram uma pessoa de poucas decisões, sempre fugira de uma qualquer avaliação, por mais simples que fosse remetia-a sempre para uma outra pessoa.
Era esta decisão assim, muito complexa e que lhe fazia esquecer tudo o resto, esquecer o cansaço, esquecer o sono, e embora perdesse a noite em que o sono era uma obrigação, a nenhuma conclusão chegou, talvez por não estar familiarizado com este tipo de situação, o certo é que o dia já era outro e ele continuava a procura da resposta.
Os seus pensamentos dividiam-se ora para o atormentar, ora para o fazer desejar não ter de tomar tal decisão, ele começava a sentir-se pressionado, e ainda não conseguira uma avaliação válida para poder tomar assim uma decisão.
Ele desejava cada vez mais que aquilo que menos queria assim se realizasse, mas a coragem não era o seu forte, muito menos a aventura, nunca antes se lançara ao desafio, nunca antes fora em encontro do desconhecido, era uma pessoa de certezas, e apenas avançava, se certeza tivesse que o solo que pisaria lhe fosse a favor, assim decisão como esta mais difícil se tornava.
Naquele raio de sol que entrara pela escuridão do seu quarto não lhe trouxe apenas luz mas sim a decisão para aquilo que procurara no escuro profundo da noite. Olhando para o lado esquerdo da cama, que era preenchido por alguém que não lhe era desconhecido, pensou:
Sou feliz aqui, sou feliz assim, sou feliz porque te amo.
E aproximando-se dela deixou-lhe um leve beijo na testa. Tentado não a despertar.

by M.

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