Apesar do lento despertar ainda tenho horas para o trabalho e assim sendo aproveito uns breves minutos para um café junto ao rio, nada melhor que aproveitar este sol que por estes lados tem sido escasso.
O café do costume fica no caminho e o rio quase que nos lava os pés de tão perto que chega. Sempre gostei deste espaço e mesmo que a minha vida tenha mudado eu continuo a frequentá-lo embora não tanto como anteriormente.
Para mudar a rotina acabo por me sentir na mesa do canto, e em ouço tempo acabo por me perder por memórias de bons tempos.
Os meus pensamentos são interrompidos pelo funcionário de sempre, peço-lhe um café como é costume, e este afasta-se.
Vislumbrando daquela paisagem quase consigo sentir a brisa do rio mesmo tendo um gigantesco vidro a separar-me dele.
Enquanto aguardo pelo meu pedido os meus pensamentos correm pela minha mente, e enquanto tento esquecer todos estes pensamentos em prol da minha sanidade mental, procuro então uma distracção, nisto lembro-me que dentro da minha bolsa existe ainda um caderno no qual existem páginas aguardando por alguma tinta.
Alcanço a minha bolsa que estava na cadeira oposta a mim e de lá retiro o dito caderno e algo que me permita exprimir aquilo que sinto.
Olhando uma página vazia questiono-me o que esta gostaria de mostrar, nada mais me vem á cabeça se não aquele sol sobre o rio naquela manha de Outono. Não me parece que esta folha tenha vontade de algum dia mostrar a alguém um rio, pensei, enquanto isto uma gaivota pousa perto de mim quase que implorando-me que a desenha-se.
Aceito o desafio e começo com os rabiscos sabendo que terei um míseros momentos para registar tal animal. Nunca vi animal menos paciente que as gaivotas.
Por entre linhas rectas e curvas perco-me no desenho e quando termino percebo que a gaivota já lá não estava.
Revoltado, sai-me em voz alta, podias ao menos ter esperado para ver quão bonita és, e fecho o livro. Enquanto isso uma voz feminina por trás de mim questiona.
-E eu posso ver?
by M.
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