21 dezembro, 2010

Quero morrer... Um dia!

Acordo de manha, olho o céu e penso em tudo aquilo que já vivi, recordo os bons momentos de uma vida mais do que vivida, as marcas na minha mente reflectidas no espelho dos meus olhos, fazem as lágrimas correr por todas aquelas felicidades que já tive e que agora são apenas recordações, recordações que me deixam saudades, recordações de uma etapa cheia de certezas que se desfizeram.
O sol brilha no céu azul, algumas, poucas nuvens brancas tingidas com o cinzento da tempestade que se avizinha assemelham-se ao estado da minha alma.
Raios de sol ganhando vida e recarregando todo o meu coração com uma energia que nem eu acreditava novamente existir. Enxugo as lágrimas do meu rosto passando as mãos pelo mesmo, desejo poder fazê-lo na minha alma, mas ainda não é o momento. por vezes sinto a necessidade de chorar por dentro, desejar a morte e desaparecimento das recordações desta vida perdida.
Enchendo o peito com o ar fresco, sinto vontade desistir, sinto que quero morrer, o vazio continua ali, e o meu coração forte outrora é agora apenas o simples órgão que me mantém ser vivo. Desejo muitas vezes que este deixe de o fazer, desejo poder recomeçar tudo de novo, apagar tudo aquilo que me magoa, mas não tenho coragem para tal façanha. Ansiosamente espero o segundo em que sentirei tudo parar, espero sem medo, espero porque mais do que sofrer por fora e por dentro, não encontro aquilo que me falta.
Olho o sol directamente, com a certeza que a dor que os meus olhos sentirão nada será comparada com aquilo que o meu coração sente.
Desejo eternamente. “Quero morrer.”
Neste momento tudo se desfaz, fecho os olhos, tudo o que me atormenta desaparece, tudo o que me faz sofrer deixa de existir, deixo de sentir vontade de chorar. Volto a abrir os olhos, ainda com o mesmo raio de sol a queimar-me a retina, não pestanejo e percebo que não é este raio de sol que me faz sentir dor, tal como não há ninguém que me faça sentir dor, mas sim eu que aplico essa mesma dor em mim.
Baixo os olhos, choro, não só de alegria, mas por desilusão. Pergunto-me como é possível nunca ter aberto os olhos para um céu tão azul.
Recordo agora estes momentos, com um desejo, que este raio de sol não seja tão efémero.

by M.

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